Conto - Irmãos Gêmeos
— Tiago, você pode devolver esse pote pra Dona Vitória? — Disse Carol enquanto me mostrava a vasilha encardida que até ontem estava repleta de glacê e umas migalhas perdidas de bolo. — Ah amor... cê sabe que não gosto daquela velha. Ela fica se esfregando em mim. — Larga de ser besta, Tiago. Ela tem 90 anos. — Por isso que eu não gosto. Se tivesse uns 70 a menos a coisa melhorava um pouco. — Vem cá e me diz, pra quê eu falo umas besteiras dessas? A Caroline deu uma apertada de olho tão irritada, que meu olho encheu d’água. — É, deixa que eu levo pra ela. Você vigia os meninos? — Você vai demorar? — Disse erguendo os ombros. — Foi isso que eu perguntei? — Retrucou ela apontando o pote encardido na minha direção. — Não, mas fiquei curioso. — Cinco minutos. Você consegue ficar esse tempo todo sem fazer nenhuma besteira? Balancei a cabeça meio na diagonal, meio fazendo um círculo. Eu sei, falta um pouquinho de autoestima aí, mas me conheço há mais