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Mostrando postagens de outubro, 2018

CRÔNICA - EU QUERO UM BOLO

Você sabe que a velhice começa a se esfregar no seu cangote quando passa a ser saudosista pelos motivos mais imbecis. Nesses últimos dias, por exemplo, passando o dedo pelo caminhão de notícias políticas que afogam nossos celulares, senti uma saudade doída dos meus tempos de faculdade. Sou formado em Direito e, da festa do canudo até hoje, já passaram 15 anos. No início do curso, na época em que, pra mim, Direito era gente com capa de Batman gritando “Protesto, Excelência!”, tive meu primeiro contato com o Direito Processual. O distinto professor da matéria, no alto de sua erudição, resumiu a ópera da seguinte forma: “Bicho, processo é receita de bolo.” Como poderia discutir com tão eloquente defesa desta parcela da ciência jurídica? Aceitei o ensinamento como verdade e, sem discussão, segui os estudos do processo com a fórmula culinária na cabeça. E até dava certo. Os ingredientes estavam ali: alguém muito injuriado cochichava alguma coisa sobre alguém no ouvido do juiz