CRÔNICA - FOTOS
Começo este texto concedendo autorização expressa a todos para me chamarem de ultrapassado. Assim, deixo vocês tranquilos, livres de constrangimentos e exames de consciência posteriores. Autorização carimbada, digo logo: tenho cisma com excesso de fotos. Sou incapaz de compreender o motivo pelo qual as pessoas precisam clicar cada milésimo de segundo de suas existências. Não que desgoste de fotos. Pelo contrário. Acho uma invenção pra lá de útil e lanço mão dela constantemente pra registrar meus pequenos. Mas o excesso... Sabe o que é pior nisso tudo? Pra mim as fotos estão tomando o lugar (antes insubstituível) das lembranças, ou melhor, das memórias afetivas. Agora a coisa enroscou e você deve se perguntar: “Como uma foto, instante do tempo congelado à perfeição, pode atrapalhar a memória?” Relaxe. Parece não fazer sentido mesmo. Eu também critiquei incontáveis vezes o raciocínio que explicarei um cadinho abaixo do texto. Porém, derrotado, rendi-me a ele. E acred