CRÔNICA - UM PASSADO VINDOURO?

Como 2018 será lembrado?

O despontar do novo ano apresentou um pretenso vislumbre do futuro que me fez interromper a lista de planos para o caminhar do calendário (promessas a serem devidamente descumpridas) e fixar meu olhar para o próximo 31 de dezembro.

De um lado, um ditador cego diz ter o botão do apocalipse em sua mesa de trabalho, de outro, o sumo pontífice, tentando abrir nossos olhos, apresenta um cartão de ano novo relembrando a tragédia de Hiroshima e Nagasaki, onde uma criança aguarda o momento de entregar o irmão menor morto (carregado em suas costas) para a cremação.

Em tempos insensíveis, onde o sentimento do outro só nos interessa na medida em que nos aproveita, é impossível deixar de olhar a imagem do passado e, misturando-a com a do presente, assustar-se com a probabilidade de estar ali parte do nosso futuro.

Queria considerar o dia mundial da paz mais um dos muitos feriados inúteis, como tantos outros que inundam nosso calendário, todavia, enxergo-o muito mais como uma recordação da nossa incapacidade de amar o próximo, de olhar para o outro e entendê-lo como uma parte da nossa existência.

Somos um, queiramos ou não. Da mesma forma, partilhamos a mesma casa. É imprescindível relembrar o passado e pensar de maneira crítica sobre o presente, a fim de construir um futuro diferente, sem reviver antigos erros, cessando  a marcha para o abismo de fogo e destruição.


Rogo para ter um próximo 1° de janeiro com a crença no homem restabelecida e com mais esperança na reconstrução da empatia humana.

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