Análise – Livro – Fundação Vol. 1 – Isaac Asimov

Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
239 páginas
R$ 39,00

Este é o primeiro livro de uma trilogia que foi aclamada pelo prêmio Hugo como a melhor série de ficção científica de todos os tempos, vencendo “somente” o Senhor dos Anéis.

Esta minúscula introdução já seria o suficiente para fazer qualquer indivíduo minimamente interessado por literatura correr para a livraria mais próxima para comprar essa obra. Mas é bom parar de comparar a criação descomunal de Tolkien com essa peça de arte desenvolvida por Isaac Asimov.

Diferente de Tolkien, que desenvolve uma narrativa com um grau de complexidade inacreditável, Asimov tem uma escrita simples, mas muito longe de ser simplória. No início da leitura deste primeiro volume da série Fundação é bem provável que você se pegue pensando: “Essa história não tem nada demais. Para falar a verdade, esse escritor não tem nada demais!!!”. Não se preocupe, essa sensação é normal (eu mesmo cheguei a pensar um pouco desta maneira no início), mas confie em mim quando digo, você mudará de opinião tão rápido quanto a velocidade como você devorará página após página, louco para saber os rumos que tomarão o destino da humanidade.

Mas, deixe eu contar um pouco da história em si. A humanidade atingiu o seu limiar; simplesmente não há como os homens avançarem em termos tecnológicos. Todos os planetas do Universo foram colonizados pelos humanos, os quais somam sua população aos trilhões. Apesar de atingir os confins mais longícuos do universo, todos os humanos são governados por um único Império, que necessita de um planeta inteiro, com uma população de 40 bilhões de habitantes, para conseguir administrar todo o Império.

Tudo caminhava como sempre caminhou para o Império, até que um matemático chamado Hari Seldon, muito respeitado por seus conhecimentos da psico-história, prevê, através de cálculos matemáticos, que o Império, após uma hegemonia de 10.000 anos, sucumbirá dentro em poucos séculos. Esta previsão tão aterradora quanto irreal torna-se ainda mais terrível pelo fato de que, segundo Hari Seldon, a humanidade viverá nas trevas por um período de 30.000 anos até que um novo Império surja.

De acordo com Seldon, a queda do Império não pode ser impedida, porém, o ressurgimento do Império pode ser antecipado e a humanidade poderá viver nas trevas por “apenas” 1.000 anos e não 30.000 como o antecipado por ele.

Evidentemente as autoridades do Império logo interferem. Afinal, não poderiam deixar que um agitador como Seldon prosseguisse disseminando suas ideias apocalípticas. Mas a forma de impedir a continuidade das ações de Seldon não utiliza a violência, muito pelo contrário, o Império o permite continuar com seu plano de salvação, desde que em um planeta longícuo, onde toda a estrutura criada há milênios pelo Império não poderiam ser atingidas pelos seguidores do matemático.

Desta maneira, Seldon e seus seguidores são enviados para um planeta na borda do Universo, onde iniciam sua Fundação (que dá o nome à trilogia) e seu plano para antecipar o reerguer da humanidade.

Este é apenas o início da história, uma pequena e rasa amostra do maior desafio já imposto aos homens. Antecipar qualquer outro fato, com certeza, estragaria a beleza da descoberta dos detalhes escondidos na narrativa.

Por falar na narrativa, é impossível não se deliciar com a forma com que Asimov conduz o leitor. Vale lembrar que a trilogia foi escrita, inicialmente, em forma de contos, posteriormente unidos pelo autor. Portanto, cada capítulo representa um avanço grande no tempo. Cada passagem da história é quase independente da outra, com novos personagens e novos desafios.

Termino esta análise neste ponto, para não adiantar qualquer discussão sobre os temas que envolvem o texto. Prefiro deixar tais discussões quando for analisar o segundo livro da série, mas já adianto, Asimov criou de forma explêndida um apanhado geral de toda a criação da sociedade, desde as eras bárbaras até o envolvimento necessário da religião no avanço dos seres humanos.

Este é uma leitura divertida e simples. O texto é de fácil compreensão e a aventura deixa o leitor preso à narrativa desde o início, mas ela é muito mais profunda do que pode parecer; depende de você, leitor, aprofundar-se ou não nas discussões postas pelo autor nesta obra-prima. Mas o importante é que, descompromissada ou atenta, esta é uma leitura indispensável e deliciosa.

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