Análise – DVD – O Justiceiro – Zona de Guerra

O Justiceiro – Zona de Guerra
Ação – 103 min.
Direção: Lexi Alexander
Roteiro: Matt Holloway, Arthur Marcum, Nick Santora
Elenco: Colin Salmon (Agente Paul Budiansky), Julie Benz, Dominic West (Retalho), Doug Hutchison (Loony Bin Jim), Ray Stevenson (Frank Castle/O Justiceiro), Dash Mihok (Detetive Martin Soap)

Sejamos sinceros, qual o objetivo de se assistir a um filme do Justiceiro? Analisar o drama por trás de um homem amargurado pela perda da mulher e dos filhos? Realizar um comparativo crítico da atuação extremamente violenta deste vigilante com os atuais índices de violência da sociedade? Apreciar uma apurada direção de arte ou uma fotografia precisa, que consiga captar os dramas dos personagens? NADA DISSO! O verdadeiro fã do Justiceiro quer apenas duas coisas: sangue e vísceras! Se todas as outras perguntas acima vierem no pacote e puderem ser respondidas durante o longa, tudo bem! Mas, com certeza, este não é o objetivo principal.

O Justiceiro já foi muito maltratado pela indústria de Hollywood. Basta uma rápida passada pelas outras duas incursões dele no cinema; uma vivida pelo esquecido Dolph Lundgren (Soldado Universal) em 1989 e a outra interpretada por Thomas Jane (O Nevoeiro) em 2004. A primeira, graças a Deus, consegui apagar da memória (com exceção do cabelo tingido do Dolph Lundgren – ridículo), quanto a segunda, Thomas Jane até que se esforça para dar intensidade a Frank Castle, mas com um roteiro muito fraco, um diretor inexpressivo e o estúdio marcando em cima para garantir uma censura baixa, foi impossível salvar o filme de um fiasco completo.

Esqueçamos o passado então! Até que enfim surgiu um filme para honrar a carreira sanguinária do Justiceiro. Definitivamente este não é um filme que sua namorada vá apreciar; a diretora alemã Lexi Alexander (Hooligans) entrega aos fãs tudo aquilo que eles sempre sonharam, mas que outros não tiveram coragem de mostrar; um Frank Castle totalmente impiedoso, adepto do mate primeiro... pergunte depois. Esqueça a tortura com um picolé (!) visto no filme de 2004; o atual Justiceiro não faz esse tipo de tortura... para falar a verdade, ele não faz tortura alguma... não há tempo, os bandidos sempre morrem antes. No máximo, dois tiros no joelho... que resolvem o problema de maneira instantânea!

Também o protagonista sofreu um upgrade. Não estou aqui criticando a atuação de Thomas Jane, já disse que ele fez o que podia, mas é evidente que Ray Stevenson se encaixa mais no papel. Com um tipo físico perfeito (ele mede quase dois metros de altura), Ray apresenta um Justiceiro destruído pelo próprio dever de combater o crime. Em todas as cenas que aparece, seu semblante está fechado, seus olhos fundos e mareados, como se os espíritos daqueles que matou estivessem pesando em sua mente. Apesar disso, não hesita um só instante em exterminar qualquer delinquente, mesmo estando ele desarmado (é impossível não soltar um palavrão no momento que o Justiceiro explode a face de um criminoso que estava rendido, desarmado e que iria ser algemado!!!).

Evidentemente o filme não escapa de seus erros. O vilão, muito embora seja bem superior à ridícula caricatura feita por John Travolta, deixa a desejar no que tange sua maquiagem, a qual em vários momentos parece querer despregar do rosto do ator Dominic West. Em algumas cenas, a máscara faz dobras no rosto do ator que denunciam a maquiagem mal-feita.

Também mal realizada foi a gangue que utiliza o Le Parkour para concretizar suas investidas criminosas. Neste ponto, a diretora poderia ter visto algumas vezes o belo trabalho obtido no filme (B13 – 13º Distrito), tanto no que tange aos ângulos de câmera quanto aos cortes necessários para propiciar agilidade à cena. No final, essa gangue soa artificial, forçada e sem sentido na trama (valendo somente pela morte grotesca do líder do grupo, o que é pouco).

Como disse no início do texto, poderíamos aqui tecer várias e várias páginas sobre a atuação de Frank Castle. É evidente que a ação impiedosa de um vigilante como ele na sociedade real é deplorável e deve ser repudiada por todos. Mas aqui tratamos apenas de uma ficção, é o momento de sentar na poltrona e esquecer o mundo em que vivemos, é o instante em que nos permitimos sentir e viver experiências impossíveis na nossa vida cotidiana. Nesse mundo fictício, o Frank Castle apresentado neste filme é perfeito!

Com certeza o filme não será apreciado por todos, pois sua violência explícita pode afastar uma boa parte dos expectadores. Porém, tenho certeza que os fãs do Justiceiro vão vibrar, pois finalmente fez-se justiça a um dos heróis mais interessantes (e perversos) já criados pela casa das ideias.

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